Backbone terá capacidade de 100 Gb/s prevista para os próximos dois anos
No encontro técnico de Engenharia de Redes, realizado no segundo dia do SCI em Goiânia, a RNP anunciou que a rede acadêmica a 100 Gb/s está cada vez mais próxima da realidade. Por meio da permuta de fibras com operadoras e do projeto Bella (Building Europe Link to Latin America), que implantará um cabo submarino do Brasil à Europa, foi possível viabilizar um anel de 100 Gb/s na região Sudeste, entre Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Vitória, com extensão para Goiânia e Brasília, até o ano que vem.
Além disso, também está nos planos da RNP uma rota a 100 Gb/s entre Fortaleza e Porto Alegre, interligando capitais brasileiras, em operação até 2017. “Para negociar fibra com as operadoras, é importante que tenhamos as fibras das reservas técnicas das redes metropolitanas para permuta no projeto do backbone a 100 Gb/s”, afirmou o engenheiro de redes da RNP, Thiago Nascimento.
Thiago apresentou projetos de prospecção tendo em vista a melhoria da rede Ipê, como a ferramenta Capacity Planning, para o melhor mapeamento da engenharia de tráfego. “Por esse tipo de ferramenta, somos capazes de mapear até mesmo antes da implantação. Ela diminui o impacto do congestionamento, além de gerar uma tendência de utilização do enlace”, explicou. No momento, a prova de conceito está em testes no Ponto de Presença da RNP em Pernambuco e em Miami.
Outras prospecções atualmente em análise pela área de Engenharia dizem respeito ao OpenFlow, para a implantação de redes definidas por software no backbone; e o NFV (Network Functions Virtualization), a fim de diminuir a vulnerabilidade da rede Ipê. “O framework de segurança trabalha criando planos de controle, em que cada protocolo ou serviço é associado. Dessa forma, cada protocolo mapeado no plano tem que seguir uma política de segurança”, esclareceu Thiago.
Inovação em construção de redes no Brasil
A solução de microduto, microvala e microcabo também foi um dos destaques do encontro técnico de Engenharia. A RNP participou como operadora acadêmica para viabilizar a fabricação dessa nova técnica de instalação de fibra óptica no Brasil, que consiste na canalização de cabos ópticos mais finos, a partir da instalação de dutos de tamanho reduzido, para minimizar a ocupação de vias públicas e ser uma alternativa às redes aéreas. “Ao abrir uma vala em São Paulo, você é obrigado a recuperar três metros à esquerda e à direita. Se essa técnica for empregada, não é mais necessária essa recomposição”, comentou o engenheiro de redes Helmann Penze.
Neste ano, a RNP também realizou um pedido de patente de meio-fio modular, para a acomodação de fibras ópticas em ambientes urbanos. O projeto atualmente está em busca de parceiros para a construção dos primeiros blocos. “A solução é uma infraestrutura de baixo impacto ambiental, que reduz a geração de resíduos sólidos para a instalação das fibras”, complementou Helmann.
O especialista ainda citou outros projetos em andamento na área de Engenharia, como um caderno de melhores práticas sobre Datacenter, multidisciplinar e baseado em normas, disponível para consulta dos PoPs a partir de 2016. Também estão em desenvolvimento um projeto de chaves ópticas, para a proteção dos anéis de rede; de DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing), para viabilizar permuta de fibras de redes metropolitanas; e de ONMS, equipamento que monitora fibras de forma escalável, gerando economia de custos.
Conectividade de clientes
A partir de janeiro de 2016, a coordenação de implantação de circuitos de clientes, atualmente sob a Gerência de Operações da RNP, passará a integrar o portfólio da Gerência de Engenharia de Redes. Segundo o coordenador, Leonardo Carneiro, a mudança faz parte dos esforços da RNP em desenhar o processo que estrutura o aprovisionamento de circuitos de clientes. “Esse processo permite selecionar a melhor solução de contratação, se é por operadora, rede metropolitana ou um enlace de última milha. Com essa visão mais ampla, pretendemos melhorar o fluxo de comunicação com os PoPs”, declarou Leonardo.
De acordo com dados da RNP, em 2015, foram conectados 110 novos campi, 188 upgrades de banda finalizados e 96 descontratações solicitadas. “Em nove meses, resolvemos 202 novas demandas de implantação, uma média de 22 por mês”, comentou Leonardo. Este ano, dois campi localizados no interior foram conectados após um longo período de negociações: a sede da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, a 1 Gb/s; e o campus do Instituto Federal do Acre (Ifac), em Xapuri, por um circuito de 20 Mb/s.